Disaferentação Neurológica e Subluxação Quiroprática

Uma Perspetiva Baseada em Evidências

A disaferentação neurológica e o conceito de subluxação quiroprática têm sido alvo de investigação no campo da saúde neuromusculoesquelética, com implicações clínicas significativas. Enquanto a disaferentação refere-se a uma perturbação na transmissão de sinais sensoriais, a subluxação quiroprática é entendida como uma disfunção neurofisiológica que pode influenciar a integração neurológica. Neste artigo, exploraremos a relação entre estes conceitos, com base em evidências científicas, e como a intervenção da quiroprática pode modular a função neurológica.

Disaferentação Neurológica: Definição e Mecanismos

A disaferentação neurológica ocorre quando há uma alteração na transmissão de impulsos aferentes (sensoriais) para o sistema nervoso central (SNC), afetando a propriocepção, o controlo motor e a regulação autonómica (Haavik & Murphy, 2012). Esta condição pode resultar de:

• Traumas físicos (lesões musculoesqueléticas, acidentes)

• Processos inflamatórios ou degenerativos (como artrite ou neuropatias)

• Alterações posturais prolongadas (impacto na função proprioceptiva)

Estudos indicam que a disaferentação pode levar a compensações motoras, dor crónica e até disfunções autonómicas (mau funcionamento de órgãos), devido à má interpretação dos sinais sensoriais pelo SNC (Seaman & Winterstein, 1998).

Subluxação Quiroprática: Uma Abordagem Neurofisiológica

O termo subluxação quiroprática tem evoluído na literatura, sendo hoje definido como uma disfunção articular que afeta a integração neurológica, sem necessariamente envolver desalinhamento estrutural (Mirtz et al., 2009). A ênfase atual está na sua natureza funcional, incluindo:

• Alterações na mobilidade articular (hipomobilidade ou movimento restrito)

• Interferência na função nervosa (afetando a transmissão aferente e eferente dos impulsos nervosos)

• Ativação anormal de mecanorreceptores (influenciando o controlo motor)

Pesquisas em neurofisiologia sugerem que a subluxação quiroprática pode contribuir para disfunções sensoriais, modulando a atividade do sistema nervoso (Haavik & Murphy, 2011).

Relação Entre a Disaferentação e a Subluxação Quiroprática

A ligação entre estes dois conceitos baseia-se na influência que a função articular tem sobre o sistema nervoso. Estudos demonstram que:

• Restrições de movimento articular podem reduzir a atividade proprioceptiva, levando a disaferentação (Pickar, 2002).

• Ajustamentos quiropráticos melhoram a transmissão sensorial, normalizando a função neurológica (Taylor & Murphy, 2010).

• Intervenções quiropráticas estão associadas a melhorias na variabilidade da frequência cardíaca, sugerindo efeitos sobre o sistema nervoso autónomo (Zhang et al., 2006).

Contribuição da Quiroprática na Modulação Neurológica

A intervenção quiroprática, através de ajustamentos específicos, visa restaurar a função articular e normalizar a integração sensoriomotora. Os benefícios incluem:

• Otimização da função proprioceptiva (Lelic et al., 2016)

• Redução da interferência neurológica (Haavik et al., 2017)

• Melhoria no controlo postural e equilíbrio (Holt et al., 2016)

Conclusão

A evidência atual sugere que a subluxação quiroprática, enquanto disfunção neurofisiológica, pode contribuir para a disaferentação neurológica, afetando a integração sensorial e a função motora. A abordagem quiroprática demonstra potencial na modulação desses mecanismos, promovendo uma melhor função nervosa e qualidade de vida.

Referências:

• Haavik, H., & Murphy, B. (2012). The role of spinal manipulation in addressing disordered sensorimotor integration and altered motor control. Journal of Electromyography and Kinesiology, 22(5), 768-776.

• Mirtz, T. A., et al. (2009). An epidemiological examination of the subluxation construct using Hill's criteria of causation. Chiropractic & Osteopathy, 17(1), 13.

• Pickar, J. G. (2002). Neurophysiological effects of spinal manipulation. The Spine Journal, 2(5), 357-371.

• Taylor, H. H., & Murphy, B. (2010). The effects of spinal manipulation on central integration of dual somatosensory input. Experimental Brain Research, 204(4), 575-584.

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